Como calcular o preço de venda no artesanato: guia completo

 
Como precificar seu artesanato

Como calcular o preço de venda no artesanato: guia completo

Você já se pegou imaginando como definir o preço ideal para as suas criações artesanais? 

Talvez tenha ficado em dúvida se estava cobrando pouco ou, quem sabe, muito acima do que o consumidor estaria disposto a pagar. Saber precificar o produto é um dos principais desafios de quem trabalha nesse setor tão criativo, porém competitivo. 

O preço que você estabelece para suas peças artesanais vai muito além de jogar um valor qualquer e torcer para que dê certo. 

Ele deve, antes de tudo, ser o resultado de uma análise que envolve custos, concorrência, percepção de valor e até mesmo a estratégia de posicionamento que você deseja adotar no mercado. 



Neste guia completo, vou explicar de maneira clara e natural todos os passos e conceitos que você precisa considerar na hora de chegar a um valor justo, tanto para você quanto para o seu público-alvo.🎯


A ideia aqui é conversar, como se estivéssemos trocando uma ideia pessoalmente. Afinal, quando a gente fala de artesanato, também falamos de coração❤️, de tempo investido, da história por trás de cada peça. 

Porém, se quisermos que esse trabalho seja sustentável, é fundamental ter consciência do que estamos gastando

 — seja em matéria-prima, 

 — seja em horas dedicadas,

 — seja na conta de luz que aumenta por ficar com a máquina ligada

 — e do que esperamos ganhar para compensar todo esse esforço e dedicação.

 É normal cometer erros de precificação no início, mas quanto antes a gente se aprofunda no assunto, mais rápido a atividade pode se tornar rentável.


Vamos percorrer aspectos como custos diretos, custos indiretos, margem de lucro e percepção de valor. Também falaremos sobre como o mercado e o comportamento dos concorrentes podem influenciar na formação do preço.

 Ao final, você terá uma visão ampla de como construir uma estratégia de preço de venda para suas peças de artesanato que seja ao mesmo tempo lógica, consistente e vantajosa para o seu negócio. Preparado para mergulhar nesse universo de números e criatividade? Então vamos em frente!


1. Entendendo a Importância de uma Boa Precificação


Antes de a gente mergulhar nos cálculos e métodos, é essencial compreender por que a precificação correta é tão importante. 

Uma das principais razões é a sustentabilidade do seu negócio. 

Se você cobra muito abaixo do que deveria, tende a não cobrir seus custos e despesas, correndo o risco de ficar no prejuízo ou trabalhando somente para “se manter”. Por outro lado, se cobrar muito acima do preço de mercado, pode afastar potenciais clientes, ainda mais se o seu artesanato não tiver um diferencial claro que justifique esse valor maior.


Além disso, pensar no preço certo é pensar na sua própria valorização como artesão ou artesã. O tempo que você passa criando, aprendendo técnicas, aprimorando sua habilidade e escolhendo materiais de qualidade merece ser recompensado. Muitas vezes temos a crença de que, por ser algo feito manualmente, ou por amor à arte, não deveríamos cobrar valores que consideramos “altos”. Mas lembre-se: a sua mão de obra não é apenas um custo, mas um ativo; é o que faz sua peça ser única.


Outra questão determinante é a percepção de valor por parte do cliente. Quando você define um preço muito baixo, corre o risco de passar a impressão de que o seu produto não tem qualidade, mesmo que ele seja de altíssimo nível. Já o inverso também pode acontecer: se colocar o preço muito acima do que o mercado está disposto a pagar, pode parecer “elitista” ou inviável, fazendo com que as pessoas deixem de comprar. O equilíbrio é a chave 

— porém, alcançar esse equilíbrio requer estudo, cálculos e uma dosagem de bom senso.

Por fim, pense que a forma como você precifica não é algo estático. Conforme o tempo passa, sua marca pode se fortalecer, você pode investir mais em divulgação e melhorar a qualidade das peças. Tudo isso influencia, eventualmente, num reajuste de preços. Portanto, é importante ter uma base sólida de como calcular esses valores não apenas para hoje, mas também para o futuro, sempre monitorando custos e evoluindo a forma de precificar.


2. Custos Fixos e Custos Variáveis


O primeiro passo prático para definir o preço de venda no artesanato é separar os custos envolvidos na produção.

 De maneira geral, falamos em custos fixos e custos variáveis. 

Os custos fixos são aqueles que não dependem diretamente da quantidade de peças que você produz. Alguns exemplos comuns são: aluguel do seu ateliê (caso você tenha um espaço dedicado para isso), gastos com internet, telefone, luz (em parte), plataformas online, mensalidade de algum sistema de gestão, entre outros. São despesas que você terá independentemente de vender dez produtos ou nenhum.

Já os custos variáveis, como o próprio nome sugere, variam conforme a produção. É o caso dos materiais que entram na confecção das peças, embalagens, etiquetas, eventuais deslocamentos para entrega ou compra de suprimentos, e parte da conta de luz (se você utilizar equipamentos de maior consumo elétrico apenas quando está produzindo, por exemplo). 

São itens cujo valor total vai aumentar se você produzir mais e se manterá menor se você produzir menos.

Por que é crucial saber a diferença entre custos fixos e variáveis? Simples: ao conhecer o valor total dos custos fixos mensais, você consegue dividir esse montante pela quantidade média de peças que produz (ou pretende produzir) e, assim, distribuir esse custo para cada produto de maneira proporcional. Já os custos variáveis podem ser calculados individualmente por peça e somados posteriormente. Dessa forma, você não cometerá o erro de esquecer gastos como luz e internet, nem sobrecarregará o preço final ao ultrapassar o montante desejado.

Quanto mais detalhado e organizado for o seu levantamento, melhor. Se você trabalha em casa e não aluga um espaço, estipule qual porcentagem da conta de luz está sendo gasta no artesanato. Pode não ser exato ao centavo, mas é interessante ter ao menos uma estimativa razoável.

 Assim, você evita gastar mais do que julga ganhar. Lembre-se de que o ponto de partida de qualquer precificação coerente é saber exatamente quais são os custos que você tem para produzir cada peça.


3. Materiais e Qualidade: Investimento ou Despesa?


Quando falamos de artesanato, os materiais são parte essencial não apenas do custo, mas também da percepção de valor do cliente. A qualidade do tecido, da linha, da tinta ou dos adornos que você usa na peça é o que faz o resultado final ter um aspecto profissional ou amador. 


Portanto, encare o investimento em bons materiais como algo que agrega valor ao seu produto final, não apenas mais uma despesa que insiste em encarecer o preço.

No entanto, é fundamental fazer o controle de tudo aquilo que você compra. Seja papel, caneta, tecido, linha de bordado ou tinta, ter um registro atualizado de quantos metros, quantos novelos ou quantas unidades foram usadas em cada peça ajuda muito no momento de precificar. 

Pode dar um certo trabalho no início, mas, depois de um tempo, você já terá uma média muito mais próxima da realidade. E essa informação será ouro puro na hora de definir o preço de venda.

Uma dica bacana é comprar em maior quantidade quando você já tem certa previsibilidade de produção, pois assim costuma-se conseguir melhores preços. Entretanto, cuidado para não estocar em demasia e acabar gastando mais do que o necessário, ou deixar materiais se deteriorarem sem uso. Equilíbrio é tudo. 

Se você paga mais barato comprando em atacado, esse benefício se refletirá em um custo menor dos materiais na hora de calcular o preço de cada peça.

Vale lembrar que, nos produtos artesanais, a qualidade do material costuma ser percebida imediatamente. Portanto, usar insumos bons tende a valorizar o seu trabalho. Por isso, se você está mirando um público que preza por qualidade, investir em um material superior pode permitir que você cobre um pouco mais, justificando esse preço maior com a percepção de que seu produto é diferenciado e tem maior durabilidade ou acabamento impecável.


4. Mão de Obra e Tempo: Valorizando o Seu Trabalho


Outro ponto essencial na formação de preço no artesanato é atribuir um valor à sua mão de obra. Muitas pessoas esquecem completamente de colocar na conta o tempo que gastam cortando, costurando, pintando, modelando ou esculpindo. É como se o trabalho manual não contabilizasse na precificação.

 Contudo, é justamente essa parte “manual” que faz o artesanato ser tão especial e único. Portanto, você deve, sim, valorizar cada minuto que dedica à produção.

Para fazer isso, pense em quanto você gostaria de receber por hora de trabalho. Talvez você tenha uma meta de ganhar um salário mínimo ao final do mês, ou quem sabe um valor maior de acordo com sua experiência e necessidades financeiras. Divida esse total pelos dias e horas que você planeja dedicar ao artesanato por mês. Chegará a um valor aproximado de quanto vale sua hora de trabalho. Agora, considere quantas horas leva para produzir uma peça. Se for meia hora, você vai adicionar meia hora do valor estipulado; se forem duas horas, será o dobro, e assim por diante.

É comum que, no início, você ainda não tenha tanta precisão. Talvez demore uma hora a mais ou a menos, mas conforme você vai ganhando prática, essa estimativa vai se tornando cada vez mais fiel à realidade. Além disso, se futuramente você quiser empregar um ajudante ou expandir o negócio, já terá um padrão estabelecido para remunerar funcionários. 

A precificação baseada no tempo, portanto, não é apenas correta do ponto de vista de valorização do seu trabalho, mas também facilita o planejamento de crescimento.

Muitas pessoas acham estranho cobrar pela hora em algo que vem do coração. Mas é válido lembrar que, se você quer tornar o artesanato uma fonte de renda, isso precisa ser feito de maneira justa e profissional. O suor que você derrama enquanto corta um tecido ou aquece uma cola quente é parte essencial da peça final. Não desvalorize isso. Ao contrário, use essa consciência para demonstrar ao cliente que, além de todo o custo de material, seu tempo e dedicação também compõem o valor da obra.


5. Custos de Embalagem e Apresentação


Não subestime a importância da embalagem e da forma como você apresenta o seu artesanato. 

Hoje em dia, a experiência de compra começa a ser definida antes mesmo de o cliente abrir o pacote e ver o produto final. 

Uma embalagem bonita, coerente com a identidade do seu ateliê, e que proteja adequadamente a peça, pode fazer toda a diferença na percepção de valor. 

E tudo isso precisa ser considerado no preço final.

Algumas artesãs gostam de colocar um cartão personalizado, com uma mensagem ou instruções de uso e cuidados com a peça, por exemplo. 

Outras investem em embalagens recicláveis ou sustentáveis, agregando um valor ecológico ao produto. 

Todos esses “detalhes” custam dinheiro — seja em papel kraft, seja em adesivos, seja em laços — e devem ser contabilizados no momento de precificação.


De nada adianta você caprichar numa embalagem linda se, ao final das contas, não calcular esse gasto no preço ou, por outro lado, calcular de maneira incorreta e acabar tendo que repassar um valor alto demais ao cliente. 

Novamente, um esforço de registrar cada item que entra na personalização e proteção da peça será indispensável para definir o custo exato de cada unidade.


Além disso, tenha em mente que a forma de enviar o seu artesanato também pode impactar o preço, especialmente se a venda for online. Há custos de frete que, dependendo da sua estratégia, podem ser bancados integralmente pelo comprador, divididos ou até mesmo absorvidos por você em alguma promoção específica. 

Seja qual for a escolha, saiba que esses valores precisam entrar na conta de alguma maneira. 

A embalagem é muito mais do que algo estético; é um componente que pode, inclusive, diferenciar o seu artesanato dos demais no mercado.


6. A Margem de Lucro e a Construção do Preço Final


Agora que já falamos de custos fixos, custos variáveis, mão de obra e embalagem, chegamos no ponto-chave: a margem de lucro. 

O lucro é justamente a recompensa pelo risco que você correu ao comprar materiais, investir tempo de produção e se dedicar ao negócio. 

Sem lucro, você pode até sobreviver temporariamente, mas não conseguirá crescer, melhorar suas ferramentas de trabalho ou mesmo ter uma reserva para emergências.

A margem de lucro é geralmente expressa em porcentagem e pode variar bastante de acordo com o público, o tipo de produto e a proposta de valor. Alguns artesãos adotam margens mais modestas (algo em torno de 20% a 30%), enquanto outros, com produtos muito diferenciados ou de luxo, podem chegar a 50%, 100% ou até mais.

 O importante é que você tenha clareza de quanto quer ou precisa ganhar além dos custos totais.

Uma forma de simplificar a conta é somar todos os custos envolvidos em uma peça — materiais, mão de obra, custos fixos proporcionais, embalagem — e, sobre esse total, aplicar a margem de lucro desejada. 

Por exemplo:

se os custos de uma peça ficaram em R$ 50,00 e você quer ter uma margem de lucro de 30%, então a fórmula básica seria: Preço de venda = Custos totais + (Custos totais x 30%). Nesse caso, ficaria: R$ 50,00 + (50,00 x 0,30) = R$ 65,00. Já se você acha que, pelo diferencial do seu produto, pode aplicar uma margem de 50%, chegaria a R$ 75,00.


Lembre-se de que a margem não é um número mágico; ela deve estar alinhada com o que o mercado está disposto a pagar e com a qualidade única da sua peça. Vale a pena pesquisar a concorrência, observar o valor agregado do seu artesanato e fazer testes de mercado. Algumas vezes, você pode aumentar a margem se estiver vendendo menos e quiser focar em exclusividade. Em outras, pode abaixar a margem para competir em volume maior de vendas. Tudo depende do seu objetivo e posicionamento.




7. Pesquisa de Mercado: Como a Concorrência Influencia o Seu Preço


De nada adianta você chegar a um valor perfeito para cobrir custos e gerar lucro, se esse valor estiver muito acima (ou muito abaixo) do que o mercado local ou online costuma praticar. 

Por isso, a pesquisa de mercado é um passo indispensável na definição do preço de venda no artesanato. 

Mas aqui, um cuidado: pesquisar não significa apenas tentar imitar o preço dos outros. Tem gente que desenvolve peças muito similares às suas, mas com um acabamento pior, ou com um material muito inferior.

 Já outro artesão pode ter peças semelhantes, porém com um diferencial tão evidente que a dele vale mais.


O ideal é analisar: que tipo de produto está sendo vendido? Qual a qualidade aparente dos materiais e do acabamento? De que forma eles entregam (tem embalagem especial, brindes, cartões)?

 E qual o público que está disposto a pagar por aquilo? Ao juntar esses pedaços de informação, você terá uma ideia mais clara de onde sua peça se encaixa.

 Se a sua qualidade e originalidade são superiores, não há por que cobrar o mesmo valor de alguém que produz algo mais simples. 

Por outro lado, se você ainda está em processo de aprendizado, talvez precise moderar a margem de lucro para não ficar fora da competição.


Outro ponto é entender se você quer vender em feirinhas locais, em lojas colaborativas, no Instagram, em marketplaces ou até mesmo em lojas próprias virtuais. 

Cada canal tem um público e um custo de aquisição de clientes diferente. Às vezes, participar de uma feira exige um valor para alugar o estande, e isso precisa ser repassado, de alguma forma, nos preços. 

Nas lojas online, as plataformas cobram taxas e comissões, então é importante considerar isso também.

Portanto, ao fazer sua pesquisa, não se limite a ver apenas quanto o concorrente cobra. Analise o cenário inteiro. 

Veja onde você quer se posicionar (algo mais acessível, algo mediano ou algo premium) e adeque sua estratégia de preço a isso.

 Essa percepção do mercado torna a precificação mais tangível e evita surpresas desagradáveis no futuro, quando você se deparar com consumidores que acham seu valor alto ou baixo demais.


8. A Relação Preço x Valor


Preço e valor não são sinônimos. 

Enquanto o preço é o dinheiro que a pessoa paga pela peça, o valor é o quanto ela percebe de benefício, satisfação ou orgulho ao adquirir aquele produto. 

No artesanato, o valor costuma estar ligado à história por trás da peça, à habilidade manual que a criou, à exclusividade, aos materiais diferenciados e à estética singular que não se encontra nos produtos industrializados.

 Muitas vezes, o cliente está disposto a pagar mais do que pagaria por um objeto feito em série exatamente porque valoriza esses aspectos únicos.


Logo, um bom artesão não apenas calcula o preço baseado nos custos, mas também entende como comunicar o valor do seu trabalho. 

]Isso pode ser feito por meio de storytelling, mostrando o processo de produção, detalhando a origem dos materiais, explicando a inspiração para a peça ou até mesmo demonstrando os benefícios de se ter um produto artesanal e exclusivo. Quando o valor percebido pelo cliente é alto, ele tende a aceitar melhor um preço mais elevado.

Por isso, não se esqueça de que precificação e marketing andam lado a lado.

 Se você não conseguir mostrar ao mundo o quanto seu artesanato é especial, as pessoas só verão o número na etiqueta, e podem achar caro sem entender a razão.


 Mas se você explica com carinho e clareza o que faz, como faz e por que faz, o cliente percebe que está comprando mais do que um objeto: está comprando história, dedicação, habilidade e exclusividade. Nesse caso, o preço passa a ser um reflexo dos benefícios percebidos.


Entender essa diferença entre preço e valor também ajuda você a ter mais segurança na hora de defender o seu preço. É comum que clientes peçam desconto ou questionem o valor. Se você sabe o custo de cada parte do processo, e ainda por cima consegue mostrar o valor agregado do seu produto, dificilmente terá problemas em encontrar um equilíbrio entre uma eventual negociação e a necessidade de não desvalorizar o que você faz.


9. Exemplificando a Fórmula de Cálculo


Para deixar a conversa prática, vamos fazer um pequeno exemplo hipotético: imagine que você faz bolsas artesanais de tecido. Cada unidade usa meio metro de tecido, que custa R$ 20,00 o metro. Logo, o tecido por bolsa sai a R$ 10,00. A linha e os acessórios (zíper, botões, argolas) somam em média R$ 5,00 por bolsa. Você também soma embalagens e etiquetinhas decorativas no valor de R$ 2,00. Depois, decide que, para costurar uma bolsa, você gasta duas horas, e define que sua hora vale R$ 10,00. Então, só nessa parte da mão de obra, você tem R$ 20,00 por peça.

Somando esses valores diretos, temos:

  • Tecido: R$ 10,00
  • Linha e acessórios: R$ 5,00
  • Embalagem e etiqueta: R$ 2,00
  • Mão de obra: R$ 20,00
    Total provisório: R$ 37,00

Agora, consideramos os custos fixos. Suponhamos que você paga R$ 50,00 mensais de internet, R$ 50,00 mensal de luz e R$ 100,00 de aluguel de um pequeno espaço, totalizando R$ 200,00 de custos fixos. Se, em média, produz 20 bolsas por mês, cada bolsa “carrega” R$ 10,00 de custos fixos (R$ 200 / 20). Assim, o custo efetivo de produção por bolsa chega a R$ 47,00.


Aí vem a margem de lucro. Digamos que você escolha 30% de lucro sobre esse valor de R$ 47,00. A conta seria: Preço de venda = R$ 47,00 + (47,00 x 0,30) = R$ 47,00 + R$ 14,10 = R$ 61,10.

 Para arredondar, talvez você opte por cobrar R$ 60,00 ou R$ 62,00 pela bolsa.

 Se considerar que seu produto é tão exclusivo que pode chegar a 50% de margem, então ficaria: R$ 47,00 + (47,00 x 0,50) = R$ 70,50. E assim você ajusta de acordo com o mercado e o valor percebido.


Perceba como é simples, mas exige uma atenção especial a cada detalhe. Nenhuma etapa pode ficar de fora. Caso contrário, você corre o risco de subestimar ou superestimar o preço. Com o tempo, você pega o jeito e elabora esses cálculos quase que intuitivamente. Mas jamais deixe o profissionalismo e o registro de lado para não se perder nas contas.


10. Erros Comuns na Hora de Precificar


Um erro que muita gente comete é simplesmente olhar o preço do concorrente e tentar “copiar”, sem considerar que a estrutura de custos de cada um pode ser totalmente diferente. Seu concorrente pode estar comprando material em muito maior quantidade, obtendo descontos enormes, ou pode ter um público mais segmentado e disposto a pagar mais. 

Simplesmente adicionar ou diminuir uns reais do preço do outro sem fazer a própria análise abre margem para distorções na precificação.


Outro equívoco é ignorar a mão de obra. Quem faz artesanato por hobbie às vezes esquece que, se quer tornar isso um negócio, precisa contabilizar o tempo que dedica. Acaba cobrando apenas o custo dos materiais e algum trocadinho. Além de desvalorizar o próprio trabalho, isso pode gerar um descompasso no mercado, fazendo com que o público ache que artesanato tem que ser “super barato”. Não pode ser assim se desejamos um setor forte e rentável para todos.


Também não é incomum esquecer de rever o preço ao longo do tempo. O custo de vida muda, os materiais aumentam de preço, surgem novas tendências, a demanda pelo seu produto pode crescer. Tudo isso justifica ajustes periódicos no valor final — contanto que haja coerência. 

Se você tem medo de repassar um aumento ao cliente, corre o risco de ficar no prejuízo ou, no mínimo, de não progredir financeiramente.

Por último, uma falha recorrente é não ter controle de estoque nem de produção.


 Sem saber quantos materiais tem em casa, qual é a quantidade exata que usa em cada peça ou quanto tempo gasta realmente na produção, fica praticamente impossível chegar a um preço justo. 

A organização é sua melhor amiga nesse processo. Registre tudo, estabeleça rotinas de conferência de estoque e, sempre que necessário, atualize os cálculos de precificação.


11. Como Comunicar o Preço ao Cliente


Ora, nós passamos tanto tempo cultivando a relação com o cliente, produzindo peças lindas, caprichando nos detalhes, que às vezes surge aquela ansiedade na hora de dizer: “Esse é o valor.” 

A melhor forma de amenizar essa tensão é ter confiança na sua precificação. Se você fez as contas certinhas e sabe que o preço faz sentido diante dos custos, da qualidade do seu produto e do mercado em que atua, então você naturalmente se sente mais à vontade para apresentá-lo.


Uma dica é sempre mostrar os diferenciais do seu artesanato. Durante a conversa, no seu site, no seu perfil de redes sociais, explique como você faz, por que escolheu aqueles materiais, quanto tempo leva cada etapa, quais são os benefícios ou a história por trás de cada peça.

 Dessa forma, o cliente percebe todo o valor que há embutido no seu produto e tende a encarar o preço com mais naturalidade. Lembre-se de que, em muitas situações, o consumidor está comprando não só o objeto em si, mas também a sua visão artística, sua dedicação e o amor colocado em cada pontinho.


Além disso, seja transparente. Se o cliente perguntar por que o preço é X ou Y, você pode resumir que existem custos de material, de produção, de embalagem e de energia envolvidos, e que você trabalha com muita atenção para entregar o melhor produto possível.

 Claro, não precisa mostrar as planilhas de custos e margens de lucro, mas ser verdadeiro e abrir o jogo com o consumidor faz com que ele perceba que o valor tem fundamento. Evite ficar na defensiva ou inventar desculpas.

 Mantenha a firmeza de quem sabe o que faz.


12. Devo Dar Descontos ou Promoções?


É comum, em qualquer área, oferecer descontos ou promoções eventualmente, seja para conquistar clientes novos, seja para melhorar o fluxo de caixa em períodos de menor demanda. 

No artesanato, não é diferente. No entanto, você deve ter cuidado para que essas promoções não prejudiquem o seu negócio. 

Por exemplo, se for oferecer um desconto, analise antes se aquele valor continua cobrindo os custos e gerando lucro, ainda que menor. 

Jamais venda no prejuízo — isso só faz sentido em situações muito específicas, como queima de estoque de uma coleção que não existe mais ou peças que ficaram paradas por muito tempo.


Também é interessante criar um senso de escassez ou exclusividade. 

Você pode dizer que aquela peça é uma edição limitada, e que, comprando no mês de lançamento, o cliente tem um desconto de X%. Ou oferecer um brinde, em vez de reduzir o valor de venda, o que pode ser até mais interessante, pois mantém sua margem. 

Há várias possibilidades criativas para atrair compradores sem precisar desvalorizar a marca.

Às vezes, uma estratégia de combo pode funcionar bem: 

se o cliente comprar duas peças, ganha um pequeno desconto ou um presente.🎁


Dessa forma, você mantém o valor unitário próximo do que acha ideal, mas estimula o cliente a levar mais produtos, aumentando suas vendas. Tudo, no final, precisa estar alinhado com a imagem que você quer passar: algo acessível? Algo de alta exclusividade? Cada caso pede uma estratégia diferente.


13. Ajustes e Acompanhamento Contínuos


Uma vez que você definir o seu preço, não significa que está tudo resolvido para sempre. 

O mercado de artesanato é dinâmico. Os custos de matéria-prima podem subir, a demanda pode oscilar, o seu público pode mudar de gosto, e novos concorrentes podem aparecer. 

Portanto, é sempre importante fazer uma avaliação periódica dos valores. 

Se perceber que anda perdendo dinheiro ou trabalhando mais e não vendo retorno, pode ser hora de reajustar o preço ou mesmo repensar a estratégia de produção e vendas.

Da mesma forma, se notar que o produto está vendendo demais e você quase não consegue dar conta da demanda, talvez seja momento de elevar um pouco os preços para equilibrar o volume de pedidos e garantir uma margem de lucro maior.


Isso lhe permitirá investir mais em qualidade ou até contratar ajuda.

Tudo faz parte de um ciclo natural de crescimento no artesanato. Basta estar atento às mudanças e não ter medo de fazer testes.


Manter um registro das vendas e dos lucros ajuda muito nesse processo de acompanhamento. 

Há muitas ferramentas gratuitas ou baratas que podem auxiliar na gestão financeira do seu negócio, facilitando a emissão de relatórios, o controle de estoque e a análise dos custos.( https://www.calcularte.com.br/) 

Se preferir, pode até ser algo simples em planilhas, desde que bem organizado. O mais importante é ter acesso rápido à informação e poder tomar decisões baseadas em dados reais, não apenas em achismos.


14. Conclusão: O Preço Ideal É o que Garante Sustentabilidade


Calcular o preço de venda no artesanato exige uma boa dose de paciência e cuidado, mas é um investimento de tempo que traz resultados enormes.


Quando você domina os custos fixos, os custos variáveis, conhece o valor da sua mão de obra, define suas margens de lucro e entende o mercado, torna-se capaz de estabelecer um preço justo para todos: para você, que precisa rentabilizar o negócio, e para o cliente, que busca um produto exclusivo e de qualidade.


Portanto, não tenha medo de colocar seus cálculos no papel, de pesquisar a concorrência e de deixar claro por que o seu trabalho vale o que vale. 

Valorização é a palavra-chave aqui.

Lembre-se de que, ao comprar um produto artesanal, muitas pessoas valorizam a história, a habilidade e a exclusividade — e isso tem um preço que vai além do simples custo de produção. 

Percepção de valor, posicionamento de marca e confiança na qualidade do que você faz são pilares que sustentam uma precificação coerente.


Seja sincero consigo mesmo: quanto você quer e precisa ganhar para sentir que está valendo a pena?

Quanto tempo tem disponível, que tipos de material usa, qual a demanda e a concorrência do mercado? 

Responder a essas perguntas com clareza e transformar as respostas em números é o que fará a diferença no sucesso do seu negócio artesanal. E, sempre que necessário, faça adaptações. 

O importante é continuar aprendendo, testando e aprimorando, para que cada vez mais pessoas possam apreciar e adquirir suas criações, permitindo que você cresça com saúde financeira e satisfação pessoal. 

Afinal, o artesanato, além de ser uma arte,🎨 pode e deve ser um empreendimento próspero.

Mimos e Artes
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Sou Giovanna Di Cresce, apaixonada por transformar ideias em arte e sonhos em realidade. Artesã de coração, empreendedora na Mimos e Artes e blogueira por paixão, compartilho aqui tudo o que me inspira: desde o universo encantador do artesanato até dicas valiosas para quem deseja empreender com criatividade e propósito.